Moisés Rabinovici é judeu. Filho de imigrantes nasceu no Rio de Janeiro, na Cruz Azul, em 1945. Começou a trabalhar nos jornais com 17 anos. Esteve no Última Hora, Diário de Minas, no binômio – Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo, por 42 anos, Revista Época e Rádio Eldorado, atualmente é o diretor superintendente do Diário do Comércio. Fala inglês, francês e Hebraico. Foi na época do Estadão que Rabino, como gosta de ser chamado, viveu suas maiores aventuras. Humano, jornalista da melhor envergadura, quem passeia por seus relatos vive inexplicavelmente aquele momento, como se por milagre pudéssemos estar ali, voltar no tempo ou avançar no futuro. Testemunha ocular dos principais acontecimentos dos últimos cinqüenta anos que mudaram a história da humanidade.
“Eu sou uma espécie em extinção. Sou um dos últimos dinossauros. O cargo de correspondente já ficou inútil. Fui correspondente por 8 anos no Oriente Médio e o jornal dependia exclusivamente de mim para obter as informações. Hoje eu entro na internet e leio os jornais de Israel. O que pode um jornalista estrangeiro, sozinho num país, fazer mais do que fazem os jornais com redações inteiras?"
Talvez tenha sido a determinação e coragem os fatores preponderantes para que tudo tenha começado: “Meu batismo de fogo pode ter sido sorte. Eu estava na redação quando chegou a notícia que o presidente egípcio Anuar Sadat iria fazer uma visita histórica a Jerusalém (1977). Era uma notícia estrondosa, mudava os parâmetros das relações entre Israel e os árabes até aquele momento. O mandatário árabe faria uma peregrinação à cidade sagrada para os cristãos, judeus e mulçumanos e pediria a paz. Murilo Felisberto, que tinha me tirado de Minas para o Jornal da Tarde, em São Paulo, deu-me uma missão: “Vai e espera a paz”.”
Depois deste dia, diante de tantas aventuras, a morte bateu a sua porta. “Aconteceu numa estradinha de um vilarejo libanês em Sidon. Quando eu entrei na cidade vinha vindo uma manifestação de muçulmanos, todos gritando, punhos levantados e meu carro tinha placa israelense.. Eu achei que se desse ré eu estava perdido, atirariam em mim. Fiquei parado, fechei as janelas, travei as portas e esperei. A turba passou pelo carro que sacolejava. Quando eu vi a frente desimpedida, eu arranquei. Num bar relataram-me que um líder religioso de todo o sul do Líbano tinha partido para uma viagem a Europa e foi preso pelo cel. Kadaf. Essa turba exigia a libertação do religioso.”
Teve um dia que acordou assustado: "Em Beirute a gente estava tão acostumado a dormir sobre a artilharia pesada que quando ela parou e os sinos repicaram anunciando uma trégua, acordamos assustados”.
Ao mesmo tempo em que os sinos repicavam nas lembranças de Rabino, os sinos do Páteo do Collégio se agitavam lembrando que nosso encontro tinha acabado. Se a missão dada por Felisberto não foi cumprida a risca ao menos uma trégua foi anunciada.
"Paz não é a ausência de guerra; é uma virtude, um estado mental, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça."--Spinoza
"Paz não é a ausência de guerra; é uma virtude, um estado mental, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça."--Spinoza
Foto: http://www.dhnet.org.br
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