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Alfredo Cotait, general Mourão e Heráclito Fortes |
No dia 07 de dezembro de 1894, um grupo de cerca de 300 empresários, liderados pelo cel. Antonio Proost Rodovalho, fundava a Associação Comercial de São Paulo. Lá se vão 126 anos.
No inicio o objetivo era modesto: proteger e amparar os comerciantes paulistas de supostos maus pagadores. Aos poucos a entidade mostrou que podia ir muito além. Sempre com o propósito baseado nos princípios da livre iniciativa e na defesa do desenvolvimento local e nacional, passou a ser referência dentro do Estado de São Paulo.
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General Mourão deu uma verdadeira aula de Brasil |
Comemoração - Para comemorar essa marcante data, a ACSP recebeu nessa manhã, o vice-presidente, general Antonio Hamilton Martins Mourão. Mourão fez um amplo panorama do Brasil e destacou a Economia, Mercado de Trabalho, pandemia do Covid-19, Comércio Exterior, Agronegócio e o Conselho Nacional da Amazônia Legal e o desenvolvimento da região. "Temos que cumprir o pacto de gerações. Assim como nossos avós nos deixaram um país melhor, temos a obrigação de agir da mesma maneira", afirmou o general. Ao final citou o poema de Antonio Machado: "Caminhante, não há caminho. Se faz caminho ao caminhar".
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Alfredo Cotait agradece a presença do general Mourão |
O encontro foi dirigido pelo presidente da ACSP e FACESP, Alfredo Cotait e pelos ex-senadores Heráclito Fortes e Jorge Konder Bornhausen. Cotait destacou que a Associação Comercial de São Paulo faz parte de um conglomerado de mais de 420 Associações Comerciais do Estado de São Paulo (FACESP). "Somos mais de 300 mil empreendedores", disse.
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Cotait ao lado de sua esposa Ana Claudia Badra, coordenadora do CMEC, inauguram o Espaço Lincoln da Cunha Pereira |
Inauguração - Ainda como parte das festividades, o presidente Cotait e general Mourão inauguraram o Espaço Lincoln da Cunha Pereira, ex-presidente da entidade. Uma homenagem pelos serviços prestados à instituição.
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General Mourão e Alfredo Cotait observam o retrato do ex-presidente Lincoln da Cunha Pereira(1 a direita). Faleceu em 04 de agosto deste ano e presidiu a entidade de 1991 a 1995 |
Com a palavra o presidente Alfredo Cotait - "As Associações Comerciais são entidades locais nascidas
da base empresarial para atender às necessidades dos empresários, congregá-los
na defesa de seus interesses e prestarem serviços que facilitem a realização
dos negócios. Com este propósito e baseadas nos princípios da livre iniciativa
e da defesa do desenvolvimento local e nacional, a Associação Comercial de São
Paulo (ACSP) foi fundada em dezembro de 1894, pelo Coronel Antonio Proost
Rodovalho e um grupo de cerca de 300 empresários.
Nossa entidade e todas as outras espalhadas pelo país não contam com
qualquer recurso de origem governamental ou compulsória, o que as dá total
independência nos seus posicionamentos e ações. Outra característica das
Associações Comerciais é que são multissetoriais, pois congregam em seus
quadros, empresários de todos setores, além de profissionais liberais ligados
às atividades econômicas, constituindo-se em um verdadeiro fórum empresarial.
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Prédio da ACSP. Rua Boa Vista, 51 - Centro |
A ACSP, por sua atuação institucional, foi considerada uma Escola de
Civismo, já que teve participação em relevantes episódios da história da Cidade
de São Paulo, do Estado e do Brasil.
Em 1918, foi mediadora do fim da grande greve operária, que resultou em
importantes avanços na legislação trabalhista. No ano seguinte, marcado pela
terrível “gripe espanhola”, equipou o Hospital da Policlínica e colocou seus
médicos à disposição da população.
Poucos anos depois, em 1924, São Paulo foi ocupada por militares
rebeldes, que contestavam o governo central, além de ter sido abandonada pelo
governador e assolada por saques no comércio e incêndios. A Associação, então,
em conjunto com o prefeito Firmiano de Morais Pinto, organizou uma força tarefa
com a Polícia e o Corpo de Bombeiros para garantir a segurança do comércio e da
população.
No decorrer da ocupação, mediou a retirada dos rebeldes para evitar o
bombardeio da cidade, que acabou ocorrendo. O Presidente da entidade na época,
José Carlos Macedo Soares, foi acusado de colaboracionista, sendo preso e
exilado, embora tenha procurado apenas preservar a cidade e sua população. No
exílio, escreveu o livro Justiça, no qual relata sua
atuação histórica na cidade no fim da década de 1910 e começo da década de
1920. Estes acontecimentos também foram explicitados, com detalhes, no livro do
jornalista Paulo Duarte intitulado Agora Nós. A publicação
narra todos os episódios da chamada Revolução de 1924.
Em 1932, a ACSP teve também participação ativa no Movimento
Constitucionalista, tanto na mobilização da classe empresarial e da população
quanto durante o período do conflito. A entidade foi a responsável por
desenvolver a logística das tropas paulistas.
A Associação Comercial de São Paulo coordenou ainda a Campanha do Ouro
para São Paulo, criada para arrecadar recursos que sustentassem a campanha
militar que mobilizou a população independentemente das classes sociais, com a
doação de joias e objetos pessoais e familiares. Após o fim do conflito, em
outubro daquele ano, notou-se que a maior parte dos recursos arrecadados não
haviam sido utilizados. Por isso, foram doados à Santa Casa, que construiu um
novo pavilhão e o edifício Ouro para o Bem de São Paulo, no Centro da cidade.
O presidente da ACSP daquele período, Carlos de Souza Nazareth, assumiu
a responsabilidade pela participação dos empresários na Revolução.
Consequentemente, também foi preso e exilado. Na partida para o exílio,
escreveu carta a seus companheiros de diretoria dizendo-se “estar tranquilo” e
pedindo que os conclamandos da Associação Comercial continuassem a lutar em
defesa dos ideais democráticos.
A Constituição pela qual São Paulo lutou em 32 foi aprovada no ano
seguinte, mas teve curta duração, com Getúlio Vargas assumindo o poder
absoluto, em 1937, instituindo o Estado Novo, outorgando suas leis e detendo o
poder sobre os estados brasileiros.
Nos anos seguintes a entidade continuou participando ativamente da vida
política, econômica e social do país, defendendo seus princípios e valores, sem
descurar das questões municipais e estaduais e da prestação de serviços. De
seus quadros diretivos saíram para a vida pública ao longo do período,
deputados, senadores, ministros, governadores e personalidades que ocuparam
importantes cargos na vida pública da cidade, do estado e do Brasil.
Além da defesa do empreendedorismo e da economia de mercado como
instrumentos de desenvolvimento econômico e social, a ACSP defende duas
bandeiras específicas que considera muito relevantes para o crescimento da
economia: o comércio exterior e a pequena e média empresa. Nesse sentido
realizou em 1956, a Primeira Conferência Brasileira de Comércio Exterior, que
se constituiu um marco para a discussão da política brasileira para o setor,
com teses que ainda hoje são válidas. Uma destas é sobre a defesa da abertura
da economia e a liberdade cambial. Participou de todas as conferências,
realizadas em outros estados, organizando a nona e última em 1977, aberta pelo
Presidente da República.
A ACSP promoveu o Primeiro Congresso Brasileiro das Pequenas e Médias
Empresas, inserindo o tema nas preocupações permanentes da entidade. Na
ocasião, reuniram-se mais de mil pessoas no Auditório do Anhembi e contou com a
participação dos ministros da área econômica e de especialistas.
O Quarto Congresso foi promovido pela entidade no Auditório do Senado
Federal, quando foi aprovado pelo Estatuto da Pequena e Média Empresa, origem
das medidas de tratamento diferenciado para as empresas de menor porte.
Organizou também, respectivamente em 1989 e 1998, a 16ª e a 24ª edições
do ISBC
International Small Business Congress, eventos estes realizados na
América Latina.
A ACSP tem participado ainda de todas as discussões sobre legislação de
apoio aos empreendimentos de menor porte, tendo uma importante participação
para a aprovação da criação do Microempreendedor Individual (MEI) e da Empresa
Simples de Crédito (ESC).
Em relação à defesa de seus associados, a entidade já em 1928 se
manifestou junto às autoridades contra os ambulantes (na época conhecidos como
“andorinhas”), que faziam concorrência desleal ao comércio organizado causando
sérios prejuízos aos empresários e à receita fiscal.
A ACSP sempre teve intensa colaboração com o Executivo e o Legislativo
dos três poderes, contribuindo para o aprimoramento das leis e normas que regem
as atividades econômicas, e continua na luta contra a burocracia e a tributação
excessivas.
Para facilitar o desempenho das empresas, a Associação, desde o início
de suas atividades, propiciou a seus associados informações do mercado e das
empresas, visando dar mais segurança à realização dos negócios. O Relatório da
Diretoria de 1924 já chamava a atenção para a necessidade de se prestar
serviços às empresas, resumindo que era preciso atrair os empresários por seus
interesses para poder defender seus ideais. Nesse sentido, já naquele ano criou
um boletim informativo sobre a inadimplência, que se desdobrou depois no
Departamento de Informações Comerciais e no Diário do Comércio, que publicava
os apontamentos e os protestos da Praça de São Paulo.
As vendas a prazo do varejo eram também muito limitadas pela ausência
de um sistema de informações que dessem segurança às transações. Por isso, organizou-se,
em 1956, o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), iniciativa pioneira
no país. O SCPC permitiu a massificação do crediário e, com isso, a notável
expansão das vendas a prazo. O banco de dados fornecia informações dos
consumidores inadimplentes e era um importante fator de constrangimento à
inadimplência.
A forte expansão das vendas a prazo obrigou à informatização do banco
de dados, o que possibilitou, também, maior sofisticação das informações
oferecidas às empresas e aumentando a segurança.
Com o ingresso do sistema financeiro nas vendas a crédito foi
necessário interligar os bancos de dados das pessoas físicas, o que levou, por
iniciativa e coordenação da ACSP, à criação da RENIC, rede que contava com
cerca de 2000 SPCs de todo Brasil.
Com a expectativa da aprovação do Cadastro Positivo e o ingresso de
empresas internacionais no mercado de informações, constatou-se a necessidade
de dar maior autonomia operacional e realizar investimentos expressivos no
banco de dados.
Após o estudo de diversas alternativas por parte de um grupo de
diretores e conselheiros, coordenado por Alfredo Cotait e sob a presidência de
Alencar Burti, propôs a transformação do SCPC em empresa, dando origem à Boa
Vista Serviços, agora transformada em empresa de capital aberto. A ACSP
continua sendo sua maior acionista
A abertura do capital da Boa Vista Serviços deve ser um caso único de
criação de prestação de serviços feita por uma entidade a seus associados que
se transformou em um Unicórnio (definição de startups avaliadas em mais de US$
1 bilhão) e deve servir de exemplo de que a modernidade e a tradição não são
conflitantes. Ao contrário, a unidade em torno de princípios e valores,
garantidos pela tradição, serve de balizamento para a modernização, sem
prejuízos dos objetivos.
A história dos 126 anos da ACSP revela que ela sempre foi contemporânea
em seu tempo, mas com os olhos voltados para o futuro. A reorganização
administrativa, a modernização das instalações e a consolidação das finanças
permitiu que a entidade se preparasse para as transformações que estão
ocorrendo em função da rápida evolução da tecnologia de informática e
comunicação, criando um cenário de desafios e oportunidades para a atividade
empresarial.
Continuando com sua atuação institucional, que é o cerne de sua função,
a Associação Comercial de São Paulo está oferecendo a seus associados, e aos
empresários em geral – especialmente aos de menor porte –, novos serviços que
lhes permitam enfrentar com sucesso esse desafio.
Começamos pela Faculdade de Comércio (FAC-SP) que visa oferecer, aos
empresários e seus funcionários, a base para competir nesse novo mercado ainda
em transformação. Complementarmente, oferecemos plataformas para que as
empresas menores possam concorrer com as grandes, além de crédito acessível a
juros abaixo do mercado para suas necessidades, por meio do ACCredito.
Os valores e os princípios que nortearam a criação da ACSP, em 1894, e que foram mantidos por seus sucessores por mais de um século, continuarão sendo a base para a continuidade da trajetória da entidade pelos próximos anos".(fonte Diário do Comércio).
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