terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Luciana Temer fala sobre moradores de rua na ACSP-Distrital Norte

da esquerda para a direita: Antonio Carlos Stefano, diretor 2ºvice-superintendente
ACSP-Distrital Norte, Antonio Manoel Esteves, subprefeito Santana/Tucuruvi,
George Abraham Ayoub, diretor superintendente ACSP-Distrital Norte, Luciana
Temer, secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social,
cel. Marcelino Fernandes, comandante do CPA/M-3

A Distrital Norte da Associação Comercial de São Paulo recebeu no dia 09 de dezembro, a secretária Luciana Temer (Assistência e Desenvolvimento Social) para falar sobre a atual situação dos moradores de rua, especialmente na região de Santana.

Recentemente foi instalado um albergue na Av. Zaki Narchi e o bairro foi invadido por essa população. O diretor superintendente George Ayoub foi o incentivador do encontro e afirmou que a intenção e mobilizar o comércio, os empresários, para juntamente com a Prefeitura tentar amenizar o problema.



A secretária disse que esse é um problema que atingi toda a sociedade. “É um caso complexo, percebi o tamanho desta complexidade quando há 3 anos assumi a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. Temos aproximadamente 16 mil pessoas nestas condições. É um número expressivo, mas inferior se comparado a cidades como Nova York, Londres e Paris”, explicou Luciana.

Para ela existem uma série de ações que devem ser realizadas para solucionar essa questão. “A característica do morador de rua é muito diversa. A realidade atual é preponderante de homens, mas temos também famílias e poucas mulheres e crianças. Temos casos de famílias que nunca saíram da rua, estão na terceira geração. Outro problema sério é a drogadição, especialmente o crack”, afirmou.
Luciana informou que 70% desta população é oriunda do sistema prisional e que é necessário romper isso na origem. “O adolescente que vai para a Fundação Casa, sai de lá e vai para o sistema prisional, fica por 30 anos preso, sai sem nenhuma referência, sem nenhuma perspectiva de vida melhor. Estamos realizando programas através de cooperativas e um dos exemplos temos aqui na Zaki Narchi, que são cursos e capacitação para jardinagem”, disse.

George Ayoub e Luciana Temer

A secretária pediu apoio dos empresários da região para a contratação destas pessoas. “Podemos incluí-los na zeladoria de praças, canteiros. Estes comerciantes podem adotar essas praças e contratar essas pessoas. Com relação ao Complexo ZaKi Narchi funciona desta forma: é um acolhimento para 900 homens. São três estágios, primeiro espaço para 500 homens que queremos atrair da rua, não exigimos nesta etapa nenhuma contrapartida. Quando começam a demandar uma relação mais intensa conosco segue para o outro estágio, agora já para 200 homens. Nesta etapa já se pede curso de capacitação, tratamento de saúde, e se exige a concordância destes compromissos. No estágio final, já capacitados, também com 200 homens, busca-se um emprego formal, ingresso em cooperativas, um novo recomeço”, observou.

Ao concluir Luciana exemplificou de como a sociedade às vezes age de maneira cruel. “Estamos buscando saídas. Uma luta diária. É uma mudança de comportamento. Temos que reverter essa lógica. Na Mooca existia uma ocupação grande nos viadutos Alcântara e Bresser, desmontamos aos poucos, com a proposta do auxílio aluguel. Para fazer esta operação consultamos as pensões, hotéis e que eles aceitariam essas famílias por uma locação de R$400,00. O que aconteceu agora que as famílias que receberam o dinheiro? Aumentou o valor da locação. Isso é muito cruel. O ser humano ao invés de solidarizar, ele se aproveita da situação. Não são todos, mas a sociedade tem sim uma dinâmica perversa”.


da esquerda para a direita: Belmiro Julio do Nascimento, Antonio Stefano,
George Ayoub, Luciana Temer, Antonio Chiaretto, Rubens Chagas e Ricardo
Brandão, chefe de gabinete Subprefeitura Santana/Tucuruvi

Presente na reunião o coronel Marcelino Fernandes, comandante do CPA/M-3 disse da necessidade da criação de uma sinergia de esforços para solucionar o problema.

Durante a visita da secretária foi apresentado o novo subprefeito de Santana/Tucuruvi, Antonio Manoel Esteves. Para ele uma das soluções para esta questão está na ampliação da moradia. “Estamos vivenciando neste momento estudos da nova Lei de Zoneamento e necessitamos incluir uma tipologia residencial que não é reconhecida pelos urbanistas. Existe imóvel residencial, casa, sobrado, geminados, prédio de apartamentos, hotel, pensão, falta um que é o imóvel residencial para locação. Esse não precisa necessariamente de vaga para automóvel, que hoje a legislação exige. Não precisa de apartamentos com 60 metros quadrados, apartamento para zelador. Não precisa de salão de jogos, sauna, piscina. Para as empresas do setor imobiliário vale a pena. Vou comprar o terreno, vou construir e será a metade da área construída. A locação será muito mais barata. Essa população teria condições de alugar um imóvel desses. A maioria consegue pagar mil reais. Essas famílias tem uma renda de 2.500,00. Ela consegue pagar mil reais, o que não dá e para pagar um condomínio de 500,00, 700,00. Apartamentos de 35, 40 metros quadrados. Já está acontecendo isso, mas irregularmente”, ponderou o subprefeito.  

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