A Distrital Norte da Associação
Comercial de São Paulo recebeu no dia 09 de dezembro, a secretária Luciana
Temer (Assistência e Desenvolvimento Social) para falar sobre a atual situação dos
moradores de rua, especialmente na região de Santana.
Recentemente foi instalado um
albergue na Av. Zaki Narchi e o bairro foi invadido por essa população. O
diretor superintendente George Ayoub foi o incentivador do encontro e afirmou
que a intenção e mobilizar o comércio, os empresários, para juntamente com a
Prefeitura tentar amenizar o problema.
A secretária disse que esse é um
problema que atingi toda a sociedade. “É um caso complexo, percebi o tamanho
desta complexidade quando há 3 anos assumi a Secretaria de Assistência e
Desenvolvimento Social. Temos aproximadamente 16 mil pessoas nestas condições.
É um número expressivo, mas inferior se comparado a cidades como Nova York,
Londres e Paris”, explicou Luciana.
Para ela existem uma série de
ações que devem ser realizadas para solucionar essa questão. “A característica
do morador de rua é muito diversa. A realidade atual é preponderante de homens,
mas temos também famílias e poucas mulheres e crianças. Temos casos de famílias
que nunca saíram da rua, estão na terceira geração. Outro problema sério é a
drogadição, especialmente o crack”, afirmou.
Luciana informou que 70% desta
população é oriunda do sistema prisional e que é necessário romper isso na
origem. “O adolescente que vai para a Fundação Casa, sai de lá e vai para o
sistema prisional, fica por 30 anos preso, sai sem nenhuma referência, sem
nenhuma perspectiva de vida melhor. Estamos realizando programas através de
cooperativas e um dos exemplos temos aqui na Zaki Narchi, que são cursos e capacitação
para jardinagem”, disse.
George Ayoub e Luciana Temer |
A secretária pediu apoio dos
empresários da região para a contratação destas pessoas. “Podemos incluí-los na
zeladoria de praças, canteiros. Estes comerciantes podem adotar essas praças e
contratar essas pessoas. Com relação ao Complexo ZaKi Narchi funciona desta
forma: é um acolhimento para 900 homens. São três estágios, primeiro espaço
para 500 homens que queremos atrair da rua, não exigimos nesta etapa nenhuma
contrapartida. Quando começam a demandar uma relação mais intensa conosco segue
para o outro estágio, agora já para 200 homens. Nesta etapa já se pede curso de
capacitação, tratamento de saúde, e se exige a concordância destes
compromissos. No estágio final, já capacitados, também com 200 homens, busca-se
um emprego formal, ingresso em cooperativas, um novo recomeço”, observou.
Ao concluir Luciana exemplificou
de como a sociedade às vezes age de maneira cruel. “Estamos buscando saídas.
Uma luta diária. É uma mudança de comportamento. Temos que reverter essa
lógica. Na Mooca existia uma ocupação grande nos viadutos Alcântara e Bresser,
desmontamos aos poucos, com a proposta do auxílio aluguel. Para fazer esta
operação consultamos as pensões, hotéis e que eles aceitariam essas famílias
por uma locação de R$400,00. O que aconteceu agora que as famílias que
receberam o dinheiro? Aumentou o valor da locação. Isso é muito cruel. O ser
humano ao invés de solidarizar, ele se aproveita da situação. Não são todos,
mas a sociedade tem sim uma dinâmica perversa”.
Presente na reunião o coronel
Marcelino Fernandes, comandante do CPA/M-3 disse da necessidade da criação de
uma sinergia de esforços para solucionar o problema.
Durante a visita da secretária
foi apresentado o novo subprefeito de Santana/Tucuruvi, Antonio Manoel Esteves.
Para ele uma das soluções para esta questão está na ampliação da moradia.
“Estamos vivenciando neste momento estudos da nova Lei de Zoneamento e
necessitamos incluir uma tipologia residencial que não é reconhecida pelos
urbanistas. Existe imóvel residencial, casa, sobrado, geminados, prédio de
apartamentos, hotel, pensão, falta um que é o imóvel residencial para locação.
Esse não precisa necessariamente de vaga para automóvel, que hoje a legislação
exige. Não precisa de apartamentos com 60 metros quadrados, apartamento para
zelador. Não precisa de salão de jogos, sauna, piscina. Para as empresas do
setor imobiliário vale a pena. Vou comprar o terreno, vou construir e será a
metade da área construída. A locação será muito mais barata. Essa população
teria condições de alugar um imóvel desses. A maioria consegue pagar mil reais.
Essas famílias tem uma renda de 2.500,00. Ela consegue pagar mil reais, o que
não dá e para pagar um condomínio de 500,00, 700,00. Apartamentos de 35, 40
metros quadrados. Já está acontecendo isso, mas irregularmente”, ponderou o
subprefeito.
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