quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A MÁSCARA COMEÇA A CAIR!!!


As recentes declarações da presidente eleita Dilma Rousseff com relação à política econômica do futuro governo já causam preocupação entre empresários, no mercado e no meio acadêmico. Assim como no caso da recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), admitida na última semana, teme-se que outras surpresas possam ser anunciadas no início do próximo ano.

Para o professor Cláudio Gontijo, da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, a combinação da volta da CPMF com juros altos e alta do déficit externo o leva a considerar que a política econômica a ser adotada não atende aos interesses da população brasileira. "A política econômica anunciada é contraditória, porque continua em grande parte fazendo o jogo do capital financeiro, o que é lamentável", afirma.

A avaliação de Gontijo é a de que a nova gestão manterá a política de desenvolvimento econômico dos últimos anos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apresenta um aumento dos gastos públicos em investimentos e dos dispêndios estatais, principalmente da Petrobras. "Não vamos ter, como não tivemos no governo Lula, uma política consistente de desenvolvimento econômico. Se a política fiscal continuar expansionista, a monetária continuará marcada pela recessividade. Os juros permanecerão elevados, assim como os compulsórios sobre os depósitos à vista", previu.

Contradição – Para ele, a política de dólar fraco e real forte deve continuar. "Devemos seguir como uma política contraditória, em que os aspectos monetários e cambiais pisam no freio, enquanto a política fiscal continua expansionista." Com relação ao salário-mínimo, Gontijo avaliou que deve-se esperar um reajuste de 4% a 5% acima da taxa de inflação, algo em torno de 10%. "Como não há clareza no que a presidente quis dizer, podemos fazer apenas conjecturas. E a nossa impressão é que poderemos, talvez, ter dois aumentos no mesmo ano, mas isso vai depender do comportamento da economia."

Para ele, o Brasil está caminhando para ter uma das maiores cargas tributárias do mundo, e não há um nível correspondente de serviços. Ou seja, essa carga tributária está sendo usada apenas como instrumento de valorização do capital financeiro, em vez de ser usada como instrumento de desenvolvimento do País, de aumento do bem-estar, ou coisa semelhante.
Banco Central – Os rumos da autoridade monetária também geram dúvidas. Ontem, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) disse que a presidente eleita manterá a "autonomia funcional" do Banco Central (BC). O mercado cobrava uma posição oficial sobre a continuidade da independência do BC, em meio aos rumores da saída do presidente Henrique Meirelles.
Considerado um dos quatro assessores mais próximo de Dilma, Cardozo procurou responder aos questionamentos do mercado dizendo que Dilma "não fará um governo irresponsável" do ponto de vista fiscal nem jogará fora as "conquistas do governo Lula".
Meta – O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu ontem a possibilidade de uma futura redução da meta de inflação do País. Ao ser questionado se a meta, que hoje está em 4,5% ao ano, poderia ser reduzida ainda no governo Dilma, ele respondeu: "acho que dá".
O ministro explicou que a redução da inflação estaria relacionada à intenção da presidente eleita de reduzir o juro real a 2% em 2014. "Se queremos levar o juro real para 2 pontos percentuais, é bom começar a trabalhar também para levar a inflação para 2% ou 3%."

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