segunda-feira, 25 de setembro de 2023

O Casarão é Nosso!!!

 

Mesa das autoridades

Foi com este espírito que oficineiros, artistas, produtores culturais, professores e frequentadores da Casa de Cultura da Vila Guilherme – Casarão – compareceram à reunião do Conseg-Vila Guilherme, Santana e Jardim São Paulo, no dia 20 de setembro, no auditório do Colégio Amorim Santa Teresa.

Todos queriam ouvir as explicações do representante da Secretaria Municipal de Cultura, Rogério Custódio, sobre o fechamento do equipamento público de forma intempestiva. Coincidentemente  na semana de aniversário do bairro de Vila Guilherme, que no dia 12 de setembro, completou 111 anos de fundação.



Interdição da Casa de Cultura de Vila Guilherme – Casarão  - Rogério CustódioO chefe de gabinete da Secretaria de Cultura iniciou sua fala pedindo desculpas para a população. “O Casarão é a maior Casa de Cultura da cidade de São Paulo e referência para todos nós. São mais de 90 oficinas. Agradeço ao Conseg o espaço para esclarecer o que está ocorrendo. A razão desta interrupção temporária de funcionamento, a priori de 60 dias, por uma questão de segurança. Atuo no serviço público por 17 anos. Sou morador da Vila Guilherme e na administração pública felizmente e infelizmente algumas vezes temos que tomar decisões difíceis. Desde 2020, o Casarão, tem um processo de licitação que vem para completar um estudo de um projeto executivo, mais elaborado, com engenheiros, arquitetos, pessoas especializadas, para fazer o restauro do local. A ideia foi contratar uma empresa para fazer o restauro e reforma do prédio. Agora em início de 2022 esse estudo terminou. Foi contratada a empresa Ateliê Gr de Arquitetura e Urbanismo que identificou problemas no piso. Não se trata de problema estrutural, de cair, o que existe é risco ao usuário. Diante desta informação, consultamos o departamento de engenharia da própria Prefeitura, que foi até o local e constatou que a informação procedia. Então, se optou por fazer interrupção de funcionamento. Então, neste momento temos esses laudos recomendando essa cautela. Quando se trata de segurança, do usuário, da pessoa, você não pode vacilar. Fomos surpreendidos. Nunca foi nossa intenção fechar o Casarão. Acontece que diante de um documento oficial, de um engenheiro habilitado, eu não posso me omitir. Corro o risco de ter sobre minhas costas um processo de improbidade administrativa. Existe um esforço de toda a nossa equipe que esses 60 dias não sejam necessários. Vamos tomar a decisão de segurança para toda a coletividade. Não existe perigo de o prédio cair, mas o piso está bastante comprometido pela ação de cupins. Sabemos o que representa o Casarão para todos vocês e para toda a cidade de São Paulo”, explicou.

Cerca de 140 participantes lotaram o auditório do Colégio Amorim Santa Teresa 

A vereadora Ely Teruel indagou o agente público sobre o valor da obra. Custódio disse que o projeto executivo correu por licitação, pregão eletrônico, pelo valor de R$290.999,90. Afirmou que o objeto desta contratação é para estudo de  restauro, arquitetura, estruturação, adequação das instalações elétricas e hidráulicas, acessibilidade e segurança contra incêndio. Ressaltou que passada essa etapa, vai ser possível estimar o valor total da restauração.

Vereadora Ely Teruel 

Informou que existe um fundo, FUNDURB – Fundo de Desenvolvimento Urbano da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura de São Paulo – onde a maioria das obras são colocadas.  Disse que hoje este fundo dispõe de R$47 milhões.

O presidente do Conseg, Rubens Lopes, tomou a palavra e pediu agilidade neste processo. “Peço que olhem com muito carinho para essa situação, pois muitas famílias dependem deste local, muitas até para sobreviver. O momento de união e não de separação. Vamos cobrar providências”.

Presidente do Conseg Rubens Lopes

Frequentadores(as) do Casarão – Fabiana Macedo disse que existe uma parte recém reformada do Casarão que poderia ser utilizada normalmente. Dara Roberta, afirmou que o prazo de 60 dias é muito longo. Pediu esclarecimentos sobre a realocação dos oficineiros, dos cursos já agendados e das verbas empenhadas. Adriana Souza, integrante do Conselho Gestor do Casarão, questionou sobre a interdição realizada pela prefeitura, sendo essa prerrogativa da Defesa Civil. Pediu transparência no processo. Ivonete da Silva Moraes, também recém-eleita para o Conselho Gestor da Casa, informou que existe acesso lateral, que não tem ligação com a parte tombada do Casarão.

Custódio afirmou que não existe interdição e sim suspensão temporária de funcionamento. “Eu não concordo com a decisão, o Juninho não concorda com a decisão, a Josie não concorda, a secretária Aline não concorda, o prefeito Ricardo Nunes não concorda, a Câmara de Vereadores não concorda, mas é o que tínhamos que fazer neste momento”, concluiu.

Coordenadora Josie de Jesus

Josie Priscila Pereira de Jesus – Coordenadora das Casas de Cultura da Prefeitura de São Paulo – “Nós temos outras casas que estão no mesmo processo. Por causa da burocracia que impera, o Casarão nunca passou por um processo de restauração, porque ele é tombado. Nós não podemos contratar qualquer empresa. Tem toda uma complexidade. Aquela parte que é tombada não pode ser substituída. Ela precisa ser restaurada da mesma forma que ela foi criada e pensada pelo projeto arquitetônico. Pelo respeito daquele arquiteto que fez a obra. (O Casarão foi construído em 1924, por Guilherme Praun da Silva, fundador do bairro de Vila Guilherme e abrigou primeiramente o Grupo Escolar de Vila Guilherme – informação Conseg-Vila Guilherme). Tenho conversado todos os dias com o Juninho (Luis Carlos) administrador do Casarão sobre o que fazer com as oficinas. E chegamos a conclusão de realocar para os equipamentos mais próximos possíveis, para que a população não tenha que se deslocar tanto da sua região. Conseguimos colocar a maioria das atividades dentro das bibliotecas mais próximas. Algumas atividades poderão ser realizadas online. Estamos buscando mais espaços da Secretaria de Cultura para poder atender a todos. Sabemos que o Casarão salva vidas. Atende idosos, aquele jovem que poderia ir para o caminho das drogas, tem criança que mora o dia todo no Casarão, porque aquela mãe não tem outro local para deixá-lo. Estamos fazendo de tudo para contemplar as atividades existentes. Não vamos deixar em hipótese alguma de atender a programação do Casarão. Vamos fazer eventos itinerantes. Temos um projeto chamado Praças da Cultura, que é levada a Cultura, onde ela não chega. Para os locais mais precários. Levar a Cultura para quem não tem acesso. Então a secretária Aline Torres designou que toda a programação do Casarão seja incluída no Praças da Cultura. Sobre o editais, algumas atividades também poderemos colocar no Praças da Cultura. Vocês estão sofrendo, nós também. Nunca gostaríamos de suspender as atividades do Casarão. Mas fomos obrigados para preservar a integridade física das pessoas. E muitos frequentadores da casa que aqui estão sabe do problema, a casa balança. Cheguei a falar com o Juninho que tínhamos que informar do fechamento da casa. Uma hora isso teria que acontecer”, respondeu a coordenadora.

Administrador do Casarão - Juninho

Luis Carlos – Juninho – Administrador do Casarão - “As informações foram chegando por partes. São milhares de pessoas que são atendidas pelo Casarão. Conheço todas pelo nome e sei o impacto de cada pessoa dentro do Casarão. Enquanto funcionário público e gestor o Casarão, estarei aqui servindo de canal mais próximo entre vocês comunidade e a Secretaria de Cultura. Todas as sugestões que estão chegando a mim estou repassando. Estou sofrendo bastante com essa situação. Minha relação com o Casarão é muito mais que profissional. Dividir e realocar as atividades têm sido um desafio para nós. Estamos caminhando. O Casarão não são as paredes, são vocês. Com essa situação, vamos conseguir ampliar nosso campo de atuação. Conto com vocês. Estou a disposição de vocês. Vamos focar no nosso problema. Não vamos nos dispersar. Tragam sugestões e estratégias para podermos ocupar o Casarão novamente e isso irá acontecer”.

Enfrentamento à violência e criminalidade em condomínios: Estratégias para tornar a vizinhança mais segura

Outro assunto de destaque da reunião foi a violência nos condomínios. A profª. Maria Isabel da Silva e Dr. Cristiano de Souza, do Instituto Educacional Encontros da Cidade, foram convidados para falar sobre o tema.

Entre outras informações disseram que trabalham com cursos, eventos, palestras na área educacional de condomínios. Discorreram que durante a pandemia a violência nos condomínios aumentou e o instituto foi procurado por muitos síndicos. Explicaram que neste período algumas leis foram criadas para que o síndico pudesse denunciar esses acontecimentos. Disseram que neste período os conflitos foram intensificados. Falaram que apesar do síndico ser o ponto de referência, o responsável civil e criminal pelo condomínio, na questão de segurança o dever é de todos. Informaram que no dia 22 de novembro de 2022, na Câmara Municipal de São Paulo, a vereadora Ely Teruel promoveu o 1º Encontro de Combate à Violência Doméstica e Familiar em Condomínios. Foi instituído que o dia 22 de novembro passou a ser o Dia de Combate a Violência em Condomínios. “Fazer é diferente de saber fazer. Bom senso não é senso comum e o que é obvio para você não é obvio para mim”, explicou a prof. Isabel.

Professora Isabel 

Outro aspecto abordado é a questão das pessoas saírem da sua zona de conforto. “Quando os agentes da Policia Militar, Polícia Civil, Guarda Civil Metropolitana saem de suas casas, eles saem da zona de conforto, saem para trabalhar, para nós como sociedade civil é pensar que não é só eles que devem fazer segurança”, afirmou o Dr. Cristiano.

Ressaltaram sobre a necessidade da prevenção. Esclareceram que para um crime ocorrer existem três fatores: ambiente favorável, vulnerabilidade e agente capaz. “Uma pessoa com celular na mão, desatenta, na rua, engloba os três fatores”, disse a professora.

Dr. Cristiano

Pediram para redobrar a atenção na chegada aos condomínios. Explicaram que algumas ações podem tirar a zona de conforto, no entanto elas ajudam na questão da segurança. Ressaltaram que alguns condomínios investem recursos em tecnologia, que pouco servem, se as regras não são seguidas pelas pessoas. Alertaram sobre alguns condomínios que cometem a imprudência de permitir a entrada de motoboys por mera razão de conforto e comodidade. Explicaram que quem mora em condomínio mora em coletividade e diversidade. A condição de que o meu conforto pode causar desconforto na coletividade tem que ser cada vez mais levado na frente.

Disseram que muitas pessoas não conhecem seus vizinhos de apartamento, caso ocorra algo fica difícil se comunicar. “Crimes acontecem no apartamento ao lado do seu e você só fica sabendo depois”, alertou Isabel. “Morar em condomínio é dividir algo com alguém, inclusive a própria vida. Se você não gosta de fechar o portão, não é a sua vida que vai causar um problema é a de todos”, disse Dr. Cristiano.

Destacaram que a maior incidência de falhas não estão nas câmeras, na portaria remota, equipamento técnico, treinamento do porteiro, zelador, e sim ao descumprimento das regras e desatenção aos procedimentos de segurança. 

Eleição do Conselho Tutelar – A  conselheira Penha Moreira informou que a eleição será realizada no dia 01/10/2023, das 8h às 17h, e seguirá o rito de uma eleição normal, com apresentação do título de eleitor e documento com foto. Disse que é uma eleição regional e por esta razão seguirá o critério do local de votação do eleitor, por exemplo: um morador da Vila Guilherme que tem seu título de eleitor registrado em uma escola de Santana, só poderá votar nos candidatos em Santana. Explicou que todos os candidatos lutam pela mesma causa, ou seja, defendem direitos das crianças e adolescentes. O eleitor(a) poderá votar em até 5 candidatos(as). Fizeram uso da palavra: Zezão, pastor Jorge Netto, Andrea Scarpa, Lucelina Silva, Cristiane Ferreira e Helio Moreira.

A mesa das autoridade foi composta por: delegado Dr. Paulo Sergio Silva, 9º DP;  cabo Andrea Aparecida de Carvalho, 5ºBPMM, da 4ª Cia; vereadora da Câmara Municipal de São Paulo, Ely Teruel; subprefeito de Santana/Tucuruvi, João Evangelista dos Santos Neto; inspetor de divisão Elias José Carlos, Guarda Civil Metropolitana; Marcelo Pereira Guido, Subprefeitura Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros; Conselho Tutelar da Região de Vila Maria/Vila Guilherme, conselheira Penha Aparecida Moreira; Companhia de Engenharia de Tráfego – CET – assessor Hugo Valério; Polícia Rodoviária Federal, agente Denilson Moura; Karl Marx, assessor de Assuntos Comunitários da SPTRANS; Evandro Gilio, Casa Civil da Prefeitura de São Paulo; Helio Moreira, CADES-Vila Guilherme.



No encerramento da reunião foi servido um bolo comemorativo de aniversário dos 111 anos do bairro de Vila Guilherme, gentilmente oferecido pela conselheira tutelar Penha Moreira, que também era aniversariante da semana.

Ao final o presidente agradeceu a presença das autoridades, comerciantes, dos munícipes, lideranças e do apoio da diretoria do Conseg: Vera Lucia Lopes Agueda, vice-presidente, Evandro Franco, secretário, Solange Romanelli, segunda secretária, Dulcilene Ferreira, diretora social e José Maria da Rocha Filho, membro emérito.

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